Chikungunya Avança em Estados Vizinhos e Acende Alerta no DF
O aumento expressivo da chikungunya em Goiás e Mato Grosso preocupa autoridades de saúde do Distrito Federal, que temem um crescimento de casos nos próximos meses. Apesar da redução no DF – de 827 casos prováveis em 2023 para 469 em 2024 –, a intensa circulação de pessoas entre esses estados pode facilitar a propagação da doença. Em Goiás, os casos saltaram de 2.750 para 10.945 no mesmo período, enquanto no Mato Grosso o aumento foi ainda maior: de 349 para 22.131 registros.
Especialistas alertam para riscos e impacto na rede de saúde
O sanitarista Jonas Brant, professor da UnB, explica que a chikungunya vem se espalhando porque a população ainda não desenvolveu imunidade ao vírus. Além disso, a transmissão ocorre pelo Aedes aegypti, o mesmo mosquito da dengue, ampliando a preocupação. “O DF está no centro da ocorrência da doença no Brasil, então é provável que vejamos um aumento nos casos”, afirma.
Brant também destaca que, além dos casos agudos, há um impacto prolongado na rede de saúde. Aproximadamente 30% dos pacientes podem desenvolver sintomas crônicos, como dores articulares persistentes, que exigem acompanhamento em fisioterapia, reumatologia e até suporte psicológico. Ele defende que o sistema de saúde se prepare com planos específicos para essas complicações, evitando sobrecarga dos serviços.
Sintomas e tratamento
O infectologista César Omar Carranza Tamayo, professor da Universidade Católica de Brasília, destaca que os principais sintomas da chikungunya são febre alta (acima de 38,5°C) e dores articulares intensas, que podem durar meses. Outros sinais incluem manchas vermelhas na pele, dores musculares, dor de cabeça e fadiga.
O tratamento é sintomático, focado no controle da febre e no alívio das dores, com repouso e hidratação. Em casos graves ou persistentes, pode ser necessário acompanhamento médico prolongado. O especialista alerta que sintomas como confusão mental, convulsões, dificuldades respiratórias ou desidratação exigem atendimento imediato.
Prevenção e ações do governo
A principal forma de prevenção é o combate ao Aedes aegypti. O infectologista recomenda o uso de repelentes, roupas de manga longa e telas de proteção em janelas e portas.
A Secretaria de Saúde do DF informou que intensificou as ações contra o mosquito transmissor, incluindo visitas domiciliares para eliminação de criadouros, aplicação de inseticidas e a utilização de Estações Disseminadoras de Larvicida. O órgão conta com 858 Agentes de Vigilância Ambiental, que realizam cerca de 5 mil visitas diárias em todo o DF.
Caso haja suspeita de chikungunya ou dengue, a recomendação é procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS), que faz o primeiro atendimento e encaminha os casos mais graves para UPAs ou hospitais.