Obrigatoriedade de notificação do vírus HTLV foi estendida para mulheres grávidas e crianças.
As infecções pelo Vírus Linfotrópico de Células T Humanas (HTLV) em gestantes, parturientes, puérperas e crianças expostas ao risco de transmissão vertical agora requerem notificação compulsória no Brasil. Isso implica que profissionais de saúde, tanto do setor público quanto privado, devem obrigatoriamente relatar os casos ao Ministério da Saúde.
Em comunicado, o Ministério da Saúde explicou que a inclusão do HTLV na lista nacional de notificação compulsória de doenças e eventos de saúde pública permite uma estimativa mais precisa do número de pessoas afetadas pelo vírus, além de ajudar na determinação dos recursos necessários e na melhoria da rede de atendimento para essa população.
O próximo passo, de acordo com o ministério, é definir, em colaboração entre os governos federal, estaduais e municipais, o rastreamento universal de gestantes e a realização de testes confirmatórios, sujeitos à aprovação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) ainda este ano.
Adicionalmente, serão estabelecidas definições de casos e instrumentos para notificação, capacitação das equipes de vigilância epidemiológica em níveis municipais e estaduais, estabelecimento de fluxo de notificação e monitoramento dos casos, conforme acrescentado pelo Ministério da Saúde.
O HTLV, pertencente à mesma família do HIV, foi descoberto na década de 1980. O vírus afeta principalmente as células do sistema imunológico, comprometendo sua função protetora no organismo. A infecção está associada a doenças inflamatórias crônicas como leucemia, linfoma de células T do adulto (ATLL) e mielopatia associada ao HTLV-1 (HAM), além de outras manifestações como dermatite infecciosa, uveíte, síndrome de sicca, entre outras.
O tratamento é direcionado conforme a doença relacionada ao HTLV, com acompanhamento nos serviços de saúde e, quando necessário, encaminhamento para serviços especializados para diagnóstico e tratamento precoce das doenças associadas ao vírus.
Estima-se que mais de 800 mil pessoas estejam infectadas pelo HTLV no Brasil, com transmissão possível durante relações sexuais desprotegidas e pelo compartilhamento de seringas e agulhas. A transmissão vertical, de mãe para filho, também é possível, principalmente através da amamentação, com o ministério tendo como meta eliminar essa forma de transmissão até 2030, alinhada às metas da OMS, ONU e OPAS.