Gordura no Fígado: Um Risco Invisível que Pode Custar Vidas
A esteatose hepática, conhecida popularmente como “gordura no fígado”, deixou de ser uma condição considerada inofensiva para se tornar uma das principais preocupações de saúde pública no mundo. Estima-se que cerca de 25% da população mundial conviva com essa alteração hepática, muitas vezes de forma silenciosa. No Brasil, os números não são diferentes — e os riscos associados à doença também não.
A esteatose hepática é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura nas células do fígado. Embora muitas vezes não apresente sintomas nas fases iniciais, ela pode evoluir para quadros graves, como hepatite gordurosa, cirrose e até câncer de fígado. Entre os fatores de risco mais comuns estão obesidade, diabetes tipo 2, sedentarismo e consumo excessivo de álcool — embora também ocorra em pessoas que não consomem bebidas alcoólicas, sendo então chamada de esteatose hepática não alcoólica (EHNA).
Um novo estudo do Instituto Karolinska, na Suécia, acendeu um alerta internacional sobre os perigos dessa condição. Os pesquisadores analisaram todos os pacientes diagnosticados com gordura no fígado no país entre 2020 e 2022, cruzando os dados com um campo amostral de mais de 13 mil indivíduos para investigar a relação entre esteatose hepática e mortalidade.
O resultado impressiona: a taxa de mortalidade entre pessoas com gordura no fígado é quase o dobro da média da população geral. O estudo, publicado no The Journal of Hepatology, também revela que o risco de morte por doenças cardiovasculares é 54% maior, enquanto para cânceres não hepáticos o aumento é de 47%. Mais alarmante ainda, o risco de morrer por doenças hepáticas, como o câncer de fígado, chega a ser 35 vezes mais alto.
Ainda segundo especialistas, mudanças no estilo de vida são fundamentais para reverter ou controlar o quadro, principalmente quando a esteatose é identificada precocemente. Adotar uma alimentação balanceada, praticar atividade física regularmente e controlar doenças metabólicas, como diabetes e hipertensão, são atitudes capazes de diminuir a progressão da doença e reduzir significativamente os riscos de complicações.
Apesar dos dados alarmantes, a boa notícia é que a esteatose hepática tem tratamento e, em muitos casos, pode ser revertida. O desafio está no diagnóstico precoce e na conscientização da população.
Em um momento em que a saúde pública lida com múltiplas frentes de crise, dar visibilidade à esteatose hepática e promover ações preventivas pode ser a chave para salvar milhões de vidas nos próximos anos.