COP30 em Belém: Clima em Pauta e Sabores da Amazônia na Mesa
Belém do Pará vive um momento histórico ao sediar a COP30, a conferência mundial do clima da ONU, realizada entre 10 e 21 de novembro de 2025. Pela primeira vez, o principal encontro global sobre mudanças climáticas acontece na Amazônia, colocando a capital paraense no centro das discussões sobre desmatamento, transição energética e preservação da floresta.
Além das negociações políticas, a cidade também se apresenta ao mundo por meio da gastronomia. Reconhecida pela Unesco como Cidade Criativa da Gastronomia, Belém aproveita a visibilidade da COP30 para mostrar uma culinária profundamente ligada à floresta, aos rios e às comunidades tradicionais da região.
Nos espaços da conferência e pela cidade, visitantes têm a chance de provar alguns dos pratos mais emblemáticos da cozinha paraense. O tacacá, servido em cuias, combina tucupi (caldo amarelo da mandioca brava), jambu, goma de mandioca e camarão seco – um clássico dos fins de tarde na capital. Já o pato no tucupi é considerado prato de festa: o pato é assado e depois cozido no tucupi temperado, acompanhado de jambu, arroz e farinha. A maniçoba, por sua vez, é a “feijoada paraense”, feita com folhas de mandioca (maniva) cozidas por dias, com carnes salgadas e defumadas.
Também ganham espaço na COP30 os peixes amazônicos, como pirarucu, tambaqui e filhote, servidos grelhados, em caldeirada ou com crostas de castanha-do-pará, reforçando a importância dos rios da região para a alimentação e a economia locais. E, claro, o açaí “raiz” – consumido puro, geralmente acompanhado de peixe frito e farinha, bem diferente da versão doce popularizada em outras regiões do país – é um dos símbolos mais fortes da mesa paraense e foi tema de negociação específica para estar presente oficialmente nos cardápios do evento.
A presença dessas comidas típicas na COP30 não é apenas uma estratégia turística: ela dialoga diretamente com a agenda climática. Cada prato traz, por trás, pequenas cadeias produtivas, agricultura familiar, extrativismo, pesca artesanal e o conhecimento de povos indígenas e ribeirinhos. Ao valorizar tucupi, jambu, açaí, castanha e os peixes da região, o Brasil mostra que manter a floresta em pé também significa garantir trabalho, renda e comida no prato de quem vive na Amazônia – um recado poderoso para um evento que discute justamente o futuro do clima no planeta.
