Setembro Amarelo: A Importância de Cuidar da Saúde Mental dos Filhos
Setembro é o mês dedicado à prevenção ao suicídio, e a campanha Setembro Amarelo tem ganhado cada vez mais visibilidade no Brasil. Embora muitas discussões se concentrem nos jovens e adultos, há um aspecto que merece ainda mais atenção: a saúde mental das crianças. A infância, por muito tempo, foi vista como uma fase sem preocupações, mas os desafios emocionais que crianças enfrentam atualmente mostram a necessidade urgente de incluí-las nessa discussão.
A Saúde Mental das Crianças em Foco
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), transtornos mentais podem começar a se manifestar ainda na infância. A ansiedade, a depressão e outras condições podem estar presentes em idades precoces, impactando diretamente o desenvolvimento da criança. Questões como bullying, dificuldades de socialização e pressão por desempenho escolar são fatores que podem contribuir para o sofrimento emocional, muitas vezes invisível, das crianças.
Com o isolamento social causado pela pandemia, muitas crianças passaram a conviver com novas formas de estresse, como a perda de familiares, instabilidade financeira e a falta de convivência com os amigos. Esses fatores podem desencadear sintomas como irritabilidade, choro fácil, alterações no sono e apetite, além de dificuldades de aprendizado, que nem sempre são interpretados como sinais de sofrimento emocional.
O Papel dos Pais e Educadores
O cuidado com a saúde mental das crianças começa em casa e continua nas escolas. Pais, responsáveis e educadores devem estar atentos a mudanças bruscas de comportamento. A pediatra Dra. Ana Maria Ribeiro alerta: “Crianças que se tornam mais introspectivas, tristes, ou apresentam medos excessivos podem estar dando sinais de que algo não vai bem emocionalmente”. Segundo a especialista, o diálogo aberto, acolhedor e sem julgamentos é essencial para que as crianças se sintam seguras ao expressar suas emoções.
As escolas também têm um papel fundamental na promoção do bem-estar emocional dos alunos. Projetos de acolhimento, rodas de conversa e a integração de atividades lúdicas voltadas para a expressão dos sentimentos ajudam na identificação precoce de possíveis problemas. O Setembro Amarelo pode ser um ponto de partida para que essas ações sejam implementadas de forma permanente nas instituições de ensino.
Como Proteger as Crianças?
Proteger as crianças envolve, em primeiro lugar, ouvi-las. É importante criar espaços em que elas possam falar sobre suas angústias sem medo de represálias ou desvalorização de seus sentimentos. A psicóloga infantil Renata Silva ressalta que “o sofrimento da criança, por menor que pareça aos olhos dos adultos, é real para ela. Portanto, minimizar a dor infantil só piora a situação, levando à sensação de isolamento e incompreensão.”
Além disso, é fundamental estabelecer rotinas que promovam o equilíbrio emocional, como momentos de lazer, prática de atividades físicas e uma boa qualidade de sono. O uso excessivo de telas também pode afetar a saúde mental infantil, sendo recomendada a mediação do tempo que a criança passa em frente ao computador, tablet ou celular.
Sinais de Alerta
Alguns comportamentos podem indicar que a criança está enfrentando sofrimento emocional:
- Isolamento social
- Perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas
- Agressividade ou irritabilidade constante
- Dificuldade de concentração e queda no rendimento escolar
- Alterações no sono e apetite
- Comportamentos regressivos, como voltar a fazer xixi na cama
Ao identificar qualquer um desses sinais, é essencial buscar apoio de um psicólogo ou outro profissional de saúde mental. A prevenção ao suicídio e ao sofrimento emocional infantil começa com o cuidado e o acolhimento no ambiente familiar e escolar.
Setembro Amarelo: Todos Juntos Pela Vida
A campanha Setembro Amarelo nos lembra que a prevenção ao suicídio é uma responsabilidade coletiva. No caso das crianças, é essencial que a sociedade como um todo, incluindo pais, professores e profissionais da saúde, se una para promover ambientes seguros e acolhedores para o desenvolvimento emocional saudável. A atenção à saúde mental infantil é o primeiro passo para garantir um futuro mais leve e cheio de possibilidades para nossas crianças.
No Setembro Amarelo, mais do que nunca, é hora de olhar com carinho para a saúde mental das crianças e garantir que elas cresçam com o apoio e o acolhimento que merecem.
