Saúde

Obesidade na Adolescência Cresce e Levanta Debate Sobre Uso de Canetas Emagrecedoras

A obesidade entre adolescentes tem se consolidado como um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade. Projeções do Atlas Mundial da Obesidade 2024 apontam que, até 2035, metade das crianças e adolescentes brasileiros entre 5 e 19 anos poderá estar com obesidade ou sobrepeso. Em escala global, a Comissão Lancet estima que até 2030 cerca de 464 milhões de jovens estarão acima do peso.

Além do impacto imediato na saúde física e emocional, a condição aumenta o risco de doenças crônicas como diabetes tipo 2, hipertensão, alterações metabólicas e até alguns tipos de câncer. Nesse cenário, cresce a discussão sobre a possibilidade de adolescentes utilizarem medicamentos conhecidos como canetas emagrecedoras, entre eles Wegovy, Mounjaro e Olire.

Tratamentos aprovados para adolescentes

No Brasil, a Anvisa aprovou o uso da liraglutida (princípio ativo do Olire e do Saxenda) e da semaglutida (Ozempic e Wegovy) para adolescentes a partir de 12 anos de idade. No entanto, especialistas reforçam que a prescrição só deve ser feita após avaliação criteriosa por endocrinologista, em casos nos quais a mudança de hábitos alimentares e a prática de exercícios não foram suficientes para o controle do peso.

As diretrizes atuais autorizam a prescrição nos seguintes casos:

  • IMC igual ou superior a 30 kg/m²;
  • Insucesso com dieta e atividade física isoladas;
  • Acompanhamento médico contínuo.

Os medicamentos, no entanto, funcionam como coadjuvantes, não como substitutos de hábitos saudáveis.

Cuidados e limites do uso

Médicos alertam que as canetas emagrecedoras não devem ser a primeira escolha no manejo da obesidade adolescente. O tratamento deve começar com alimentação equilibrada, sem dietas extremamente restritivas ou cheias de proibições, para evitar frustração e abandono precoce. O foco é promover um padrão alimentar saudável e sustentável, sem excluir totalmente alimentos apreciados pelos jovens.

A prática de atividade física regular é outro pilar fundamental. A OMS recomenda ao menos 1 hora de atividade moderada ou vigorosa por dia para adolescentes. Quando há prescrição do medicamento, os principais cuidados envolvem atenção a efeitos colaterais como náuseas e vômitos, hidratação adequada e acompanhamento nutricional para evitar deficiências de micronutrientes.

Além disso, é indicado o monitoramento da função tireoidiana, dos níveis de cortisol e do perfil glicêmico, já que a obesidade é um fator de risco para o diabetes.

Fatores de risco e influência do ambiente

A obesidade na adolescência tem múltiplas causas. A herança genética, o ambiente familiar e os hábitos culturais influenciam diretamente. Filhos de pais com obesidade têm risco elevado de desenvolver a condição, assim como adolescentes de classes socioeconômicas mais baixas, onde a exposição a ultraprocessados, sedentarismo, uso excessivo de telas, poucas horas de sono e falta de acesso a alimentação saudável são mais frequentes.

Especialistas reforçam que o enfrentamento da obesidade deve ser multifatorial, integrando família, escola, políticas públicas e acompanhamento clínico, de forma a garantir não apenas a redução do peso, mas também a construção de um estilo de vida mais equilibrado e duradouro.

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