Saúde

Novo Estudo Reforça Segurança do Paracetamol na Gravidez

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Uma ampla revisão de estudos publicada no periódico científico BMJ (British Medical Journal) voltou a confirmar o que o consenso médico já apontava: não há evidência sólida de que o uso de paracetamol na gravidez cause autismo ou Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) nas crianças. O trabalho reuniu e analisou criticamente as pesquisas existentes sobre o tema e concluiu que os dados disponíveis hoje não permitem estabelecer uma relação causal clara entre o medicamento e esses transtornos do neurodesenvolvimento.

O artigo ganha relevância porque surgiu após declarações públicas sugerirem uma suposta ligação entre o uso de paracetamol por gestantes e o aumento de casos de autismo, afirmações que já haviam sido contestadas por organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), e por autoridades sanitárias brasileiras. Atualmente, o paracetamol segue sendo o medicamento recomendado por agências reguladoras de diversos países para o controle de dor e febre durante a gestação, desde que usado nas doses adequadas.

Para avaliar de forma mais rigorosa essa possível associação, os pesquisadores fizeram uma revisão abrangente de revisões sistemáticas já publicadas. Foram identificadas nove revisões que, juntas, incluíam 40 estudos observacionais que investigavam o uso de paracetamol na gestação e o risco de autismo, TDAH ou outros desfechos de neurodesenvolvimento. As equipes utilizaram ferramentas padronizadas para avaliar a qualidade metodológica de cada revisão, levando em conta riscos de viés e a influência de fatores de confusão (como características familiares, ambientais e genéticas que podem interferir nos resultados).

Embora muitas dessas revisões apontassem para uma possível associação entre o uso do medicamento e autismo ou TDAH, a maioria dos trabalhos recomendava cautela na interpretação dos achados justamente pela presença de vieses e pela dificuldade em isolar o efeito do paracetamol de outros fatores. No balanço final, a confiança nas conclusões foi considerada baixa em duas revisões e criticamente baixa nas outras sete, o que significa que os resultados não são robustos o suficiente para sustentar uma relação direta de causa e efeito.

Os autores destacam que, com as evidências disponíveis hoje, não é possível afirmar que o uso de paracetamol durante a gestação provoque autismo ou TDAH na infância. Eles reforçam a necessidade de novos estudos observacionais de alta qualidade, com melhor controle de fatores de confusão e avaliação mais detalhada do período e da duração do uso do medicamento. Para gestantes, profissionais de saúde, famílias e pessoas com diagnóstico de autismo ou TDAH, a mensagem principal é que os estudos que sugerem uma associação ainda têm qualidade metodológica limitada e não justificam, neste momento, uma mudança nas recomendações clínicas sobre o uso do paracetamol na gravidez.

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