Medicamentos que Podem Comprometer a Segurança no Trânsito
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem chamado atenção para o aumento global de transtornos mentais, como ansiedade e depressão, o que tem levado a um crescimento da automedicação. No Brasil, especialistas alertam que o consumo de determinados remédios — de antidepressivos a anti-inflamatórios e antialérgicos — pode colocar em risco a capacidade de conduzir veículos com segurança.
O tema foi discutido durante o 16º Congresso Brasileiro de Medicina do Tráfego, em Salvador, onde a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) apresentou diretrizes que classificam os medicamentos segundo o impacto na cognição e na função motora do condutor. Segundo a entidade, dirigir exige atenção, coordenação e reflexos intactos, e alguns fármacos elevam significativamente a chance de acidentes.
O efeito de cada medicação pode variar de acordo com fatores como idade, peso, dose, horário de uso, metabolismo individual e, principalmente, a combinação com álcool. Entre os analgésicos, substâncias simples como paracetamol não demonstraram impacto significativo na direção, enquanto opióides mostraram aumento expressivo no risco de acidentes graves e fatais.
No caso dos relaxantes musculares, compostos como o carisoprodol e a ciclobenzaprina estão associados à sonolência, lentidão de raciocínio, desequilíbrio e confusão mental, condições que podem surgir já na primeira semana de uso. Ansiolíticos e hipnóticos, como os benzodiazepínicos, também aumentam o risco de sinistros de trânsito, enquanto outros, como a buspirona, não demonstraram impacto relevante.
Entre os antidepressivos, os tricíclicos se destacam pelo alto potencial de comprometer a direção, inclusive em baixas doses, especialmente entre idosos. Já os inibidores seletivos de serotonina apresentam menor interferência, embora algumas medicações, como a trazodona, possam causar sedação e prejuízos cognitivos.
Nos antialérgicos, os de primeira geração são conhecidos por afetar de forma acentuada a atenção e a coordenação, enquanto os de segunda geração têm efeito variável entre pessoas. Os de terceira geração, por sua vez, tendem a não comprometer o desempenho ao volante. Já no caso dos antipsicóticos e de derivados da cannabis medicinal que contêm THC, os efeitos sedativos e psicoativos reduzem a capacidade de dirigir com segurança por várias horas.
Os especialistas reforçam que, diante de qualquer tratamento que envolva medicamentos com efeitos sobre o sistema nervoso central, é fundamental buscar orientação médica antes de assumir a direção. O objetivo é evitar escolhas arriscadas e preservar não apenas a vida do condutor, mas também a de todos que compartilham o trânsito.
