Desafios no Combate à Obesidade: Análise da Obesidade em 2024
O relatório “Atlas da Obesidade 2024”, recentemente divulgado pela Federação Mundial de Obesidade (WOF), oferece uma visão preocupante sobre a trajetória da obesidade no Brasil e globalmente. Prevê-se que até 2035, o Brasil tenha aproximadamente 127 milhões de adultos e 20 milhões de crianças com sobrepeso e obesidade, indicando um aumento anual de 1,9% e 1,8%, respectivamente. Estas projeções alarmantes, classificadas como “nível de alerta muito alto”, destacam a urgência de ações preventivas.
Apesar das estimativas sombrias, Fernando Gerchman, diretor do departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), enfatiza que a obesidade não é estritamente atribuível ao estilo de vida, mas sim a uma interação complexa de fatores genéticos e ambientais. Ele sugere que uma abordagem multifacetada, envolvendo governo, instituições de saúde e a população, é essencial para conter essa epidemia em ascensão.
No entanto, além das questões de saúde, o relatório também destaca a interseção entre obesidade e fatores socioeconômicos. Populações de baixa renda são particularmente afetadas, com um aumento alarmante de casos em idades cada vez mais jovens. A falta de acesso a cuidados de saúde adequados e a nutrição adequada exacerbam ainda mais o problema, resultando em taxas crescentes de doenças não comunicáveis, como diabetes e câncer.
Além disso, o Atlas identifica uma correlação entre as emissões de gases de efeito estufa e a obesidade, destacando a complexa interconexão entre fatores ambientais e de saúde. No contexto brasileiro, Gerchman destaca a necessidade de aumentar a atividade física e repensar o consumo de proteína animal, especialmente em áreas urbanas, onde 87,1% da população reside e enfrenta um maior risco.
Para enfrentar esse desafio crescente, é essencial uma mudança na abordagem ao tratamento da obesidade. Apesar dos avanços na medicina, incluindo tratamentos farmacológicos que podem levar a uma perda significativa de peso, muitos pacientes enfrentam discriminação e têm acesso limitado a opções de tratamento eficazes. Isso destaca a necessidade urgente de políticas de saúde pública mais inclusivas e acessíveis.
Em suma, o Atlas da Obesidade 2024 serve como um alerta para a comunidade global sobre os impactos devastadores da obesidade na saúde pública e na sociedade como um todo. Exige uma resposta coordenada e abrangente, que inclua medidas preventivas, acesso equitativo a tratamentos e uma abordagem holística para abordar os fatores subjacentes que alimentam essa epidemia crescente.
