Casos de Doenças Respiratórias Aumentam e Distrito Federal Entra em Alerta de Alto Risco
O Distrito Federal (DF) está em alerta de alto risco para casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), conforme aponta o Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado no início de setembro de 2025. O documento indica que tanto o número absoluto de casos quanto a tendência de crescimento das infecções respiratórias graves estão acima do esperado para o período, sinalizando uma possível piora no cenário epidemiológico nas próximas semanas.
O que é a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)?
A SRAG é uma condição caracterizada por uma infecção respiratória severa que exige internação hospitalar, e pode ser causada por diferentes vírus respiratórios, como:
- Influenza (vírus da gripe, tipos A e B)
- SARS-CoV-2 (causador da covid-19)
- Rinovírus (um dos principais causadores do resfriado comum)
- Vírus Sincicial Respiratório (VSR), especialmente grave em crianças
- A Síndrome pode se manifestar com sintomas como febre alta, tosse intensa, dificuldade para respirar, dor no peito, entre outros.
Cenário atual no Distrito Federal
Segundo o boletim da Fiocruz, o DF apresenta, desde as últimas seis semanas, índices altos tanto na atividade dos vírus respiratórios quanto na tendência de aumento dos casos. Isso indica não apenas que o número de pessoas com SRAG está elevado, mas que continua crescendo.
Na prática, essa situação exige atenção redobrada dos gestores de saúde e da população para medidas de prevenção e controle.
De acordo com a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), até agosto de 2025 foram registrados 5.783 casos de SRAG na região. Destes, 4.198 (73%) foram confirmados como causados por vírus respiratórios. A distribuição entre eles foi:
- SARS-CoV-2: 5%
- Influenza (gripe): 14%
- Outros vírus respiratórios (como rinovírus e VSR): 53%
A faixa etária que mais chama atenção são as crianças entre zero e 10 anos, que representam 75% das notificações, com destaque para a circulação do rinovírus e do vírus sincicial respiratório.
Por que o número de casos está aumentando?
Um dos principais fatores apontados pelo infectologista José David Urbaez, presidente da Sociedade de Infectologia do DF, é a queda na cobertura vacinal contra os principais vírus respiratórios, como a covid-19 e a influenza.
“Embora quase toda a população tenha sido exposta ao vírus da covid, seja por infecção natural ou vacinação, a proteção não é permanente. A recomendação é que a população, principalmente grupos vulneráveis, receba a vacina contra a covid ao menos duas vezes ao ano para manter o sistema imunológico preparado”, explica Urbaez.
Além disso, o aumento da circulação de vírus sazonais, como o rinovírus, em ambientes escolares e comunitários, contribui para a maior incidência de casos, especialmente em crianças.
Outro ponto destacado pelo especialista é que o aumento pode estar relacionado também ao maior acesso e uso dos serviços de saúde para diagnóstico e notificação dos casos, mas isso não reduz a necessidade de vigilância e prevenção.
Quem está mais vulnerável?
Os grupos de maior risco para desenvolver quadros graves de SRAG incluem:
- Crianças menores de 2 anos (56% dos casos com fatores de risco)
- Pessoas com doenças pulmonares crônicas (13%)
- Idosos acima de 60 anos (11%)
- Gestantes e pessoas com imunidade comprometida
Esses pacientes devem redobrar os cuidados para evitar a exposição aos vírus respiratórios.
Como identificar um caso de SRAG?
Segundo a SES-DF, a Síndrome Respiratória Aguda Grave é caracterizada por internação hospitalar de pelo menos 24 horas, com sintomas gripais que podem incluir:
- Febre, mesmo que mencionada esporadicamente
- Calafrios
- Dor de garganta
- Dor de cabeça
- Tosse persistente
- Coriza (nariz escorrendo)
- Perda do olfato ou paladar
Ao apresentar qualquer destes sinais, especialmente em grupos de risco, é fundamental buscar atendimento médico imediatamente.
Medidas de prevenção recomendadas
Além da vacinação, que é a principal ferramenta de proteção, a SES-DF e especialistas reforçam outras práticas essenciais para reduzir a transmissão de vírus respiratórios:
- Higienizar as mãos com frequência, especialmente antes das refeições e após tossir ou espirrar
- Utilizar lenço descartável para assoar o nariz e descartá-lo imediatamente
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, preferencialmente com o antebraço
- Evitar compartilhar objetos pessoais, como talheres, copos e garrafas
- Manter os ambientes bem ventilados, com circulação de ar natural
- Evitar aglomerações e espaços fechados sempre que possível
- Evitar contato próximo com pessoas que estejam com sintomas gripais
- Uso contínuo de máscaras, principalmente em ambientes públicos fechados ou com aglomeração
O uso da máscara, em especial, é destacado pelo infectologista José David Urbaez como uma medida simples, eficiente e pouco invasiva, que comprovadamente reduz a transmissão de infecções respiratórias.
Embora o cenário atual não represente uma emergência similar à da pandemia de covid-19, o aumento dos casos de SRAG no Distrito Federal é um sinal claro da importância de manter as medidas de proteção, especialmente a vacinação e os cuidados básicos de higiene.
A população deve estar atenta aos sintomas, não subestimar a gravidade da doença e buscar atendimento médico ao menor sinal de agravamento. A vacinação contra covid-19 e influenza, disponível gratuitamente em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), deve ser priorizada por todos, especialmente crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas.
