DNA: Estudo-piloto Liga Ultraprocessados a Alterações Epigenéticas
Um estudo-piloto publicado na revista Nutrients indica que a ingestão frequente de alimentos ultraprocessados pode estar associada a mudanças químicas no DNA que regulam a expressão de genes. A pesquisa, conduzida sob orientação de um médico brasileiro, avaliou 30 mulheres e analisou a dieta de cada participante pela classificação NOVA, a partir de um registro alimentar de três dias.
Para investigar marcadores epigenéticos, os autores utilizaram DNA de leucócitos do sangue periférico e aplicaram sequenciamento de nova geração. Ao comparar quem consumia mais ultraprocessados com quem consumia menos, foram identificadas 80 regiões do genoma com metilação diferencial. A maior parte dessas regiões apareceu hipometilada no grupo de maior exposição, padrão que pode favorecer a ativação de genes normalmente silenciados e contribuir para desequilíbrios na regulação genômica.
Os resultados sugerem um possível mecanismo epigenético que ajuda a explicar a já conhecida ligação entre ultraprocessados, ganho de peso e doenças crônicas não transmissíveis, incluindo alguns tipos de câncer. Em termos práticos, as alterações químicas observadas podem representar um elo biológico entre padrões alimentares e riscos metabólicos e cardiovasculares.
Por se tratar de um estudo-piloto com amostra pequena, os achados não estabelecem causalidade. Os próprios autores destacam a necessidade de investigações maiores, com acompanhamento ao longo do tempo, para confirmar e detalhar esses efeitos.
