Pitaya: A Fruta “exótica” que já é Realidade na Mesa do Brasileiro
A pitaya, também conhecida como dragon fruit, deixou de ser raridade em empórios para ganhar espaço em supermercados, feiras e até na mercearia de bairro. Ela vem de cactos do gênero Hylocereus e Selenicereus, plantas originalmente das Américas, hoje amplamente cultivadas também na Ásia. As variedades mais comuns são a de casca rosa com polpa branca, a de casca rosa com polpa vermelha e a amarela com polpa branca.
Produção e consumo no Brasil hoje
Nos últimos anos, a pitaya se consolidou como uma das frutas tropicais que mais crescem em área plantada no país. Estudos agrícolas apontam que a produção vem se expandindo em diversos estados, com destaque para São Paulo e regiões do Norte, Centro-Sul e Sul, onde a colheita pode se estender de 6 a 10 meses por ano, dependendo do clima local.
Relatórios recentes indicam que o Brasil produz alguns milhões de quilos de pitaya por safra, com forte consumo interno, o que chega a limitar a quantidade destinada à exportação — a demanda doméstica é grande e cresce com campanhas de divulgação e presença maior da fruta em redes de supermercado.
Valor nutricional da pitaya
Do ponto de vista nutricional, a pitaya é uma fruta de baixa caloria e alta hidratação: em 100 g de polpa (cerca de 1/3 de uma fruta média) há aproximadamente 50–60 kcal, algo em torno de 11–13 g de carboidratos, cerca de 1,5–3 g de fibras e praticamente nada de gordura.
Ela fornece pequenas quantidades de vitamina C, vitaminas do complexo B (como B1, B2 e B3) e minerais como ferro, cálcio, magnésio e potássio — este último importante para o equilíbrio da pressão arterial e função muscular.
As sementes pretinhas, que se comem junto com a polpa, concentram parte das fibras e gorduras boas (como ácidos graxos essenciais), enquanto a polpa é rica em água, fibras solúveis e compostos antioxidantes.
Antioxidantes e compostos bioativos
Um dos motivos do interesse científico recente pela pitaya é a quantidade de compostos bioativos presentes, especialmente nas variedades de polpa vermelha e casca intensa. Estudos de revisão publicados entre 2023 e 2025 descrevem a presença de:
- Betalaínas (pigmentos naturais também encontrados na beterraba), com ação antioxidante e potencial anti-inflamatório;
- Flavonoides e fenólicos, associados à proteção celular contra radicais livres;
- Fibras e prebióticos, que alimentam bactérias benéficas do intestino;
- Carotenoides, com possível efeito protetor para pele e olhos.
Um artigo de 2024 destaca que a fruta, suas sementes e até flores têm sido estudadas como fonte de compostos para uso em alimentos funcionais e nutracêuticos, com boa margem de segurança em testes toxicológicos.
O que a ciência já sugere sobre a saúde
É importante pontuar: a pitaya não é remédio e não substitui tratamentos médicos. O que os estudos mostram até agora são associações e efeitos promissores, principalmente em modelos animais, células e alguns ensaios clínicos iniciais:
- Metabolismo e glicemia
Pesquisas relacionam o consumo de pitaya (especialmente a vermelha) com melhora de marcadores de glicose e lipídios no sangue, em modelos de diabetes e síndrome metabólica, e com efeitos benéficos na resistência à insulina. - Perfil de gordura e saúde cardiovascular
Revisões recentes indicam que as fibras e antioxidantes da fruta podem ajudar a reduzir colesterol LDL e triglicerídeos, além de proteger as células dos efeitos da inflamação crônica, um dos fatores de risco para doenças cardiovasculares. - Intestino e microbiota
A pitaya contém fibras e oligossacarídeos com efeito prebiótico, ou seja, servem de alimento para bactérias “boas” do intestino. Ensaios mostram aumento de bifidobactérias e lactobacilos após a ingestão desses compostos, com melhora de marcadores imunológicos em alguns estudos. - Ação antioxidante e inflamação
Artigos publicados em 2023 e 2024 descrevem ação antioxidante e anti-inflamatória das betalaínas e outros fenólicos da pitaya, com potencial de proteção em quadros ligados ao estresse oxidativo, como algumas doenças metabólicas e cardiovasculares.
De forma geral, as revisões científicas recentes convergem para a ideia de que a pitaya é uma fruta segura, pouco calórica, rica em fibras e antioxidantes, que pode contribuir para uma alimentação mais saudável quando inserida num conjunto de hábitos equilibrados.
Como escolher, guardar e consumir
Na hora da compra, prefira frutas firmes, sem áreas muito moles ou machucadas. A casca deve estar colorida e ligeiramente brilhante; frutos muito murchos ou com muitas áreas escuras geralmente estão passados.
Em casa, a pitaya inteira dura alguns dias em temperatura ambiente; para conservar por mais tempo, pode ser mantida na geladeira em recipiente fechado após cortada. A fruta é geralmente consumida crua: basta cortar ao meio e comer a polpa com colher, ou descascar e cortar em cubos para saladas de frutas, bowls e sucos.
Há contraindicações?
Para a maioria das pessoas, a pitaya é bem tolerada. Relatos de reações alérgicas são raros, mas possíveis, como com qualquer alimento. O consumo exagerado pode causar desconforto gastrointestinal em pessoas mais sensíveis devido à fibra, e variedades muito pigmentadas podem deixar a urina ou as fezes rosadas temporariamente, sem risco para a saúde.
Pessoas com doenças crônicas (como diabetes, doença renal ou uso de múltiplas medicações) devem sempre discutir mudanças importantes na alimentação com o médico ou nutricionista.
Receita: Suco refrescante de pitaya com limão
Rende: 2 copos grandes
Ingredientes:
- 1 pitaya média (de preferência a vermelha, bem madura)
- 300 ml de água gelada ou água de coco
- Suco de 1 limão tahiti ou siciliano
- 1 colher de sopa de mel ou outro adoçante de preferência (opcional)
- Gelo a gosto
Modo de preparo:
- Lave bem a pitaya, corte ao meio e, com uma colher, retire toda a polpa, descartando a casca.
- Coloque a polpa no liquidificador junto com a água (ou água de coco), o suco de limão e o mel, se for usar.
- Bata por 20–30 segundos, até ficar homogêneo.
- Acrescente gelo e bata rapidamente, ou sirva o suco batido em copos com gelo.
- Se quiser uma textura ainda mais fina, pode coar, mas manter as sementinhas aumenta a quantidade de fibras.
Você pode variar usando hortelã fresca, pedacinhos de gengibre ou misturando com outras frutas, como abacaxi ou laranja.
