Ozempic em Pacientes com Transtornos Alimentares Levanta Debates na Comunidade Médica
O aumento do uso de Ozempic (semaglutida) para perda de peso, além de seu uso original no tratamento do diabetes tipo 2, está gerando preocupações entre especialistas em saúde mental e transtornos alimentares. Enquanto o medicamento mostrou eficácia na redução de episódios de compulsão alimentar em alguns pacientes, seu impacto sobre transtornos alimentares como anorexia e bulimia tem sido amplamente debatido.
Um estudo liderado pela Dra. Susan McElroy, da Universidade de Cincinnati, revelou que drogas da classe GLP-1, como Ozempic, podem reduzir comportamentos compulsivos em pacientes com transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP). Entretanto, McElroy destaca que a indústria farmacêutica tem negligenciado pesquisas mais profundas sobre transtornos alimentares. Segundo ela, algumas pessoas relataram o desenvolvimento de sintomas de anorexia após o uso do medicamento, enquanto outras encontraram uma solução para os comportamentos compulsivos .
O uso de Ozempic em pessoas com transtornos alimentares levanta questões importantes. Embora a semaglutida possa ajudar a controlar a compulsão alimentar em pessoas com alto índice de massa corporal (IMC), a segurança e eficácia em indivíduos com diferentes pesos e sem comorbidades, como diabetes, ainda são desconhecidas . Especialistas enfatizam que a abordagem com Ozempic deve ser cautelosa, especialmente em pacientes com histórico de distúrbios alimentares. Para a psicóloga clínica Carolin Müller, o risco de exacerbamento de comportamentos restritivos, como a anorexia, é real e exige monitoramento próximo por parte dos profissionais de saúde.
A falta de estudos clínicos abrangentes sobre os efeitos do Ozempic em pacientes com diferentes perfis de transtornos alimentares é uma das principais preocupações. Apesar de alguns resultados promissores no tratamento do TCAP, os especialistas, como o Dr. Timothy Richards, alertam que o impacto a longo prazo do medicamento nesses pacientes ainda não é claro. “Precisamos entender melhor como o GLP-1 afeta o sistema endócrino em pacientes com transtornos alimentares, e isso requer estudos clínicos mais amplos e diversificados”, afirma .
O uso de Ozempic para perda de peso continua a crescer, mas a comunidade médica concorda que seu impacto em transtornos alimentares precisa ser mais bem investigado. Para muitos, o medicamento oferece uma nova esperança no tratamento da compulsão alimentar, mas os potenciais riscos em pacientes vulneráveis exigem maior atenção e cuidado.