Alimentação

Enani 2024: Pesquisa Nacional Avalia Impactos da Pandemia na Nutrição Infantil no Distrito Federal


A segunda edição da pesquisa domiciliar do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani 2024) será realizada no Distrito Federal, com o objetivo de coletar dados detalhados sobre a nutrição infantil no Brasil. Encomendada pelo Ministério da Saúde em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a pesquisa busca orientar a elaboração de políticas públicas voltadas para a saúde e nutrição das crianças. No DF, 600 famílias com crianças de até 6 anos serão visitadas, fazendo parte de um esforço maior que abrange 15 mil famílias em 124 municípios de todas as regiões do país.

A pesquisa vai investigar uma variedade de aspectos relacionados à saúde das crianças e suas mães, incluindo práticas de aleitamento materno, hábitos alimentares, e indicadores físicos como peso e altura. Além disso, a equipe coletará dados sobre deficiências de vitaminas e minerais, como ferro, vitamina A e zinco, que são cruciais para o desenvolvimento saudável na primeira infância. O coordenador nacional do estudo, Gilberto Kac, destacou que crianças de até 6 anos são especialmente vulneráveis a deficiências nutricionais, tornando este levantamento essencial para compreender o impacto da pandemia de covid-19 sobre a nutrição infantil.

Durante a pandemia, muitas famílias enfrentaram perda de renda e tiveram acesso limitado a serviços de saúde, o que afetou diretamente o estado nutricional das crianças. Com isso, o Enani 2024 visa mapear as vulnerabilidades e fornecer dados que possam apoiar o redirecionamento de políticas públicas, visando mitigar os riscos de médio e longo prazo decorrentes dessa situação.

As visitas domiciliares no Distrito Federal ocorrerão em diversas regiões, incluindo o Plano Piloto, Águas Claras, Ceilândia, Taguatinga, Samambaia, e outras áreas urbanas e rurais. As entrevistas começaram em 10 de agosto e se estenderão até o final de outubro. Durante essas visitas, os pesquisadores irão conversar com mães ou cuidadores sobre os alimentos consumidos pela criança no dia anterior e práticas de amamentação. Além disso, serão medidos o peso e a altura tanto das crianças quanto das mães biológicas para avaliar o estado nutricional de acordo com os padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Uma parte fundamental da pesquisa será a coleta de sangue de mães e crianças a partir de 6 meses de idade, o que permitirá a realização de hemogramas completos e a análise de marcadores de deficiência de vitaminas e minerais. As amostras de sangue também serão armazenadas em um biorrepositório para futuras análises complementares. Caso sejam identificadas deficiências nutricionais, as famílias serão encaminhadas a unidades básicas de saúde para acompanhamento.

O estudo também se propõe a avaliar o ambiente alimentar comunitário ao redor das famílias participantes, analisando a disponibilidade e a qualidade de frutas, hortaliças e alimentos ultraprocessados nas proximidades. Esse aspecto é crucial para entender como o ambiente externo influencia os hábitos alimentares das crianças.

Os dados da edição anterior da pesquisa, realizada em 2019, revelaram que metade das famílias brasileiras com crianças na faixa etária estudada vivia em insegurança alimentar. Além disso, foi observado que 80% das crianças menores de cinco anos já consumiam alimentos ultraprocessados, e que 10% das crianças – e 50% das mães – estavam acima do peso, ressaltando a importância de políticas públicas focadas em melhorar a alimentação infantil.

Para garantir a segurança e a confiabilidade do estudo, todos os pesquisadores estarão devidamente identificados com crachá e uniformes contendo o logotipo do Ministério da Saúde e do estudo Enani. A participação das famílias é voluntária, e todas as informações coletadas serão tratadas com sigilo. As famílias podem verificar a identidade dos entrevistadores por meio de um link fornecido, inserindo o número do CPF ou RG disponível no crachá dos pesquisadores.

O Enani 2024 é uma oportunidade crucial para entender e melhorar a nutrição infantil no Brasil, especialmente em um momento pós-pandemia, onde as vulnerabilidades nutricionais das crianças podem ter sido acentuadas. Os resultados desse levantamento serão fundamentais para a revisão e criação de políticas e ações sociais e de saúde, buscando assegurar um futuro mais saudável para as crianças brasileiras.

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