Alimentação

Teor Alcoólico em Pães de Forma: Proteste e Abimapi em Conflito


A segurança alimentar é um tema de crescente preocupação entre os consumidores brasileiros, e um recente estudo da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) trouxe à tona uma nova polêmica. A pesquisa revelou que algumas marcas populares de pão de forma no Brasil contêm teor alcoólico acima do esperado, o que gerou um acalorado debate sobre a segurança e a transparência na indústria alimentícia.

Segundo o estudo, intitulado “Tem álcool no seu pão de forma”, seis das dez marcas analisadas apresentaram um teor alcoólico superior a 0,5%, o que, se fossem bebidas, as classificaria como alcoólicas. A Proteste atribui esses resultados ao uso elevado de conservantes antimofo. A questão levantada é particularmente relevante porque, embora a presença de álcool em alimentos não seja inédita, os consumidores geralmente não esperam encontrá-lo em produtos cotidianos como o pão de forma.

Em resposta, a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) criticou o estudo, destacando falhas e inconsistências. A Abimapi questionou a comparação dos resultados do teor alcoólico dos pães com as legislações de bebidas alcoólicas e a sugestão de que o consumo dos pães poderia afetar testes de bafômetro. A associação alegou que a Proteste usou apenas uma regra de três para essa comparação, sem considerar adequadamente a ingestão dos pães.

A Abimapi também destacou que a pesquisa foi assinada por um profissional sem número de registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e que a técnica de análise mencionada pela Proteste não foi validada por um órgão competente. Além disso, criticou a falta de oportunidade para avaliar contraprovas, já que os lotes analisados estavam vencidos na data da publicação, e a ausência de informações sobre a data das análises e a validade dos produtos.

Por outro lado, a Proteste defendeu a legitimidade do estudo, informando que os testes foram realizados por um laboratório acreditado no Inmetro e no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), utilizando a metodologia de cromatografia a gás para detectar etanol. A Proteste também afirmou que todos os laudos foram encaminhados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para as medidas legais e administrativas necessárias.

A Proteste ressaltou que a nota de discordância da Abimapi é parte do processo democrático, mas afirmou que a associação deveria estar igualmente preocupada com os resultados dos testes. Defendendo seu direito constitucional à informação, a Proteste afirmou que a divulgação dos resultados visa informar os consumidores e qualquer tentativa de suprimir essa informação pode ser vista como censura.

A discussão em torno desse assunto é fundamental para garantir que os consumidores estejam cientes dos ingredientes em seus alimentos e para assegurar que a indústria alimentícia mantenha padrões rigorosos de segurança e transparência.

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